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Crónicas da Programação – III


15h00
Ver cinema faz-nos entrar numa outra realidade, tão palpável quanto a física. É trazer para este mundo o conhecimento apreendido em tela, continuando a dar vida ao filme mesmo depois deste ser visionado.
Abrimos a primeira sessão do dia com a curta de animação ‘Vigil’, onde Rita Cruchinho nos apresenta uma personagem que, por ter a capacidade de exteriorizar a sua vida quotidiana, um dia tropeça nela.
Dentro da análise do dia-a-dia e do mundo laboral, continuamos a sessão com o documentário de Filipa Reis e João Miller da Guerra ‘Fora de Vida’. O espectador é apresentado com uma realidade que já o rodeia, que é a tentativa constante do trabalhador contemporâneo em arranjar tempo para viver.
Terminamos esta primeira sessão no TAGV com uma homenagem ao cinema e a João Bénard da Costa, actor, escritor e acima de tudo cinéfilo. Em ‘Outros Amarão as Coisas que Eu Amei’, Manuel Mozos faz-nos entrar num verdadeiro sincretismo artístico, onde todas as formas expressivas da arte se manifestam em filme.

17h30
Ao final da tarde, iniciamos o espectador nas trocas comerciais em ‘A Cidade e as Trocas’. Neste documentário, o realizador Pedro Peralta faz-nos uma interpretação extensiva da palavra ‘troca’, levando-a não só a ser interpretada do ponto de vista comercial, mas também pela troca entre duas realidades: a de quem vive num certo país e quem o visita. Os primeiros em função dos segundos, num falso teatro de riqueza momentânea e localizada apenas em certos complexos turísticos.
A sessão é aberta com ‘A Tua Plateia’ de Óscar Faria, que nos apresenta um Portugal cada vez mais isolado. Somos levados a caminhar em entradas vazias, onde uma personagem misteriosa (Miguel Damião) recolhe pedaços de natureza e de vida.

21h30
A última sessão do dia de hoje continua com uma viagem por Portuga, agora por terras de Trás-os-Montes e do Alto Douro. João Canijo, leva-nos em ‘Portugal, um dia de cada vez’ a uma série de aldeias e lugares ocultos ao olhar mais distraído.
Entramos nas casas dos seus habitantes, ouvimos as conversas tidas em cafés e ruas, entrando e participando no dia-a-dia de alguma pessoas que representam, cada vez menos, a realidade geral. Pessoas que vivem o seu país e a sua terra, um dia de cada vez.

João Pais,
Selecção Caminhos