Crónica

A segunda longa-metragem a concorrer na XV edição do Caminhos do Cinema português, "Corrupção", filme não assinado pelo director mas produzido por Alexandre Valente causou surpresa. Porém, não foi pelas peculiaridades da película – que mistura o non-sense e a telenovela numa tentativa de film noir que, por esses motivos, fica distante de qualquer tentativa de compreensão. Cenas gratuitas, personagens mal-estruturados, um frágil e confuso enredo que envolve a corrupção no universo do futebol e figurões da política em Portugal, não convence e incomoda.
Além disso, a cópia enviada à organização do festival continha legendas que se repetiam a cada quinze minutos com a seguinte máxima:FOR PER VIEW PROPOSES ONLY … O que o torna ainda mais incompreensível ou inconcebível ou, mesmo, inaceitável.
Na tentativa de "dinamizar" o cinema, atrair o público e divertir, o cinema português tem caído em armadilhas como "Corrupção" que nos fazem reflectir sobre o compromisso ético com a sétima arte ou, no mínimo, sobre o respeito com o qual o público deveria ser tratado.
Entre curtas e longas a surpresa da segunda noite foi mesmo a película de João brochado "Tóquio Porto 9 Horas" que, como sugere o título, traça um imprevisível paralelo entre estas duas cidades que revelam, na sua diferença,uma estranha semelhança. Bastante gráfico, com boa fotografia e excelente escolha na selecção dos espaços a filmar. O filme revela uma consistência na realização e o bom gosto do director.