Pintura e Cinema – questões de representação

doutora mirian tavares

Quando o cinema surge no final do Século XIX vai, inevitavelmente, recorrer ao modo de representação do mundo fixado pela pintura. Modo este que foi sendo alterado ao longo do tempo e que, na altura da invenção do cinematógrapho, variava entre as preocupações com a luz do Impressionismo e a tentativa de construção de um discurso sobre a realidade imposto pela pintura Realista.

O cinema vai, portanto, absorver as questões que estavam presentes nestes dois movimentos artísticos e ainda incorpora, na formação da sua nascente linguagem, os princípios da fotografia que já atingira a maioridade por aqueles tempos. De reprodução inocente da realidade, construída por imagens denotadas, o cinema rapidamente se converte em discurso e cria uma linguagem própria que a distancia de seu estado especular. Nesta apresentação discutirei de que maneira a cinema consolida a ideia que a pintura já tentara sedimentar: a de que as imagens podem ser cópias, mais ou menos perfeitas, da realidade.