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A Versatilidade da Programação é o destaque do quinto dia


O Teatro Académico Gil Vicente recebeu no quinto dia do festival, 18 de novembro, os Caminhos Juniores.

A sessão, composta por dez curtas-metragens, contou com a presença de mais de 700 crianças. Os Caminhos Juniores tornam-se, desta forma, uma veículo para dar a conhecer o cinema português às crianças.

Apesar das complicações de organizar entre 600 a 700 crianças, “está a correr bem”, conta-nos Vânia Senane, organizadora dos Caminhos Juniores.

A organizadora refere ainda o caráter educativo patente na seleção dos filmes, “principalmente a “Afonso Henriques, o primeiro rei” e a “Nau Caxineta”.

Na sessão das 17h30, a Seleção Novíssimos trouxe os primeiros trabalhos de vários realizadores.

“Navegar”, uma animação de Carlos Silva e Pedro Almeida, foi o filme que deu início à sessão. A história de amor é-nos contada através de um conjunto de desenhos da própria autora e intérprete, Helena Caspurro, aquando os seus cinco anos de idade.

Paulo Sousa apresentou ao público “Silêncios de um Gesto”, um “filme muito pessoal” que retrata momentos do realizador passados com os seus filhos e mulher.

Do roubo de uma bicicleta numa manhã que aparentava ser normal, surge a ideia para o filme “Por Aqui Nada de Novo”. A curta é do realizador Pedro Augusto Almeida, que desta forma nos conta a história de Alex, um jovem de um bairro social.

“A Aldeia dos Tísicos”, um documentário de Hugo Dinis Neves, retrata os anos 20 em Portugal, durante o surto de tuberculose. Através dos testemunhos de antigos doentes, padres, médicos e funcionários da Estância Sanatorial do Caramulo, foi dado a conhecer ao público o início e o fim do sanatório desta aldeia beirã.

É através de um documentário que Isabel Medina retrata a realidade de crianças que vieram para Portugal com a promessa de um trabalho e que acabaram presas no mundo da prostituição e exploração social. “Caçadores de Anjos” é também um drama que mostra como “a prostituição e o tráfico são duas faces da mesma moeda”, afirmou Conceição Mendes, em representação da realizadora.

A sessão terminou com a homenagem de Luís Antero e Tiago Cerveira aos habitantes do vale atravessado pelo rio de Alvoco com a segunda parte do documentário “O Rio”.

Chegada a noite, foi tempo de “Chico Malha”, a primeira curta, “entrar em cena”. Realizada por Guilherme Gomes e Miguel Reis, o falso documentário retrata a vida de um jovem, inserido no meio rural, que se torna uma celebridade quando é descoberto como um excelente jogador de malha. Ao longo de 15 minutos, a vida de Chico sofre várias mudanças, entre as quais, uma queda acentuada no que toca à sua perícia na arte de malhar. Os realizadores afirmaram que o principal objetivo desta curta foi “recriar a ideia de celebridade” num contexto rural bem como enfatizar o exagero em contextos desportivos e contam com um elenco composto por Agostinho Magalhães, Cristovão Carvalheiro, David Pinto, entre outros.

“Uma Noite na Praia”, primeira experiência da atriz São José Correia no campo da realização, aborda a temática do sexo na meia idade e tenta incutir no espectador a ideia de que a idade não deve constituir um entrave à procura do prazer. Trata-se de uma curta-metragem que surgiu de uma adaptação de um conto erótico de Vera Galpe e contou com a participação dos atores Vítor Norte e Lucinda Loureiro. “Não trabalhei no sentido do humor, trabalhei no sentido do drama”, confessa a realizadora. Além disso, reforça a carga erótica presente na obra que se pode resumir a “uma noite de amor, depois de uma festa”.

“Famel Top Secret”, sequela de “A Última Famel”, representa o fascínio de uma geração por uma marca de motos. Filmado maioritariamente em Águeda, este filme retrata a cobiça em torno da marca Famel, em que o protótipo de uma nova moto é roubado. Jorge Monte Real, realizador, contou com a participação de várias personalidades conhecidas pelo público português, tais como: Merche Romero, Paulo Futre, José Carlos Pereira ou Sara Norte. A longa-metragem estará, a partir de 14 de dezembro, em exibição nos Cinemas NOS, espalhados um pouco por todo o país.

Após as visualizações das três peças, O Humor no Cinema Português foi a principal premissa para a Master Session. A moderação esteve a cargo de Osvaldo Silvestre, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Realizadores, convidados e público puderam debater de que forma o cinema português introduz o humor como característica das suas obras e fazer o balanço da forma como o espetador português se revê nas comédias nacionais.

Texto de Daniela Fernandes, Catarina Vila Nova e Soraia Neves

Fotografia: Lia Ferreira